Avançar para o conteúdo principal

Vivemos numa época de paz, parece mentira, mas é verdade.

Vivemos numa das épocas mais pacificas de toda a história da humanidade, por muito estranhas que pareçam estas palavras é verdade. Nunca houve tão poucos conflitos armados, nunca houve tanta paz, nunca os povos foram tão tolerantes e nunca os seres humanos tiveram tanto acesso à cultura, que é a principal arma contra a ignorância, contra regimes totalitários, contra a própria guerra.

O que faz parecer com que o parágrafo acima seja absurdo é o facto de hoje nos entrar pelas casas dentro, e não só em casa, mas em qualquer lugar, uma torrente de informação como nunca antes. Ou seja, enquanto no passado sabíamos das notícias trágicas por um ou outro jornal de maior tiragem, ou por um amigo, hoje essa tragédia chega-nos aumentada pela repetição constante dos orgãos de comunicação social e muito mais ainda pelas redes sociais. Tragédia essa muitas vezes caseira, sem impacto comunitário e muito menos mundial, mas explorada como se assim fosse.

O mais detraído dirá que vivemos num mundo muito mais violento, muito mais perigoso do que há 100 anos atrás. A verdade é que as noticias que nos chegam todos os dias a toda a hora, para aqueles que tem sempre uma tv ligada nos canais noticiosos, ou para os que, no bolso, recebem notificações constantes do que se passa, são focadas na desgraça, na tragédia, são noticias e relatos somente do esmiuçar da catástrofe.

Obviamente que é necessário estarmos informados, e há acontecimentos que requerem mais tempo de antena, como são os atentados terroristas em escala, mas muito mais do que isso nos conspurca o sossego. Muitos há que já deixaram de ver tv exatamente por esse facto, pelo exagero informativo de baixa qualidade.

Hoje há que saber selecionar a informação e não se deixar envolver demasiado por ela. Há os que são menos influenciáveis, mas também os há que ao verem desgraça alheia a toda a hora se sentem numa vivência depressiva temendo a sua hora que pode chegar a qualquer momento.

O problema está em não saber gerir o que se vê. Tanta coisa boa acontece no mundo, tanta realização, tanto bom exemplo, tanto companheirismo, solidariedade, partilha de sucessos. É preferível ir por aí, sem claro fecharmos os olhos ao que está mal, ao que tem de ser mudado, claro que não, mas menos foco, menos esmiuçar até à exaustão de assuntos que morreram após cinco minutos de explanação, mas que se continuam a dissecar por horas, dias.

O mundo nunca esteve tanto de feição. Basta olhar com atenção à volta. E é urgente que comece por nós a luta para que a paz continue e que não se voltem a repetir cenários que mudaram o curso da humanidade, é importante estarmos atentos e fazer a nossa parte para que a história recente não se volte a repetir. Apesar desta época mais pacifica apenas se passaram 71 anos do fim da segunda guerra mundial e 98 da primeira grande guerra, sem falar de todos os conflitos armados do século passado, desde a guerra do Vietname até à guerra colonial.

Cabe a cada um não ser ovelha, saber distinguir a informação e poder agir em prol de uma comunidade cada vez melhor, mais justa, solidária e pacífica, onde os radicalismos e extremismos não possam ter lugar. Uma das chaves está na educação, na cultura e no acesso continuado a conteúdos de qualidade. Essa é uma responsabilidade dos governos, dos orgãos de comunicação social e de todos os opinion makers.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Sem comentários

Hoje de manhã, depois de uma breve saída, ao entrar em casa vi em cima do muro junto à porta esta publicidade. Eu diria: "obrigado por se estar a matar". Nota: nada tenho contra a marca acima referênciada, apenas me servi do panfleto que atrás faço referência.

Onde isto chegou e onde irá parar! O Caso Madeleine.

Não me havia ainda manifestado acerca desta questão por duas razões: primeiro porque julgo demasiada a propaganda por parte dos meios de comunicação social e segundo porque não julgo ser tema de interesse nacional por tantos dias consecutivos. Quem diria que o desaparecimento de uma menina, por terras do Algarve, iria dar a volta ao mundo e fazer correr tanta tinta? Quantos jovens desaparecem não se dando especial ênfase a tal facto? É compreensível que os pais e conhecidos mobilizem todos os meios para encontrar a pequena Madeleine, mas daí até se tornar um caso de interesse mundial parece-me despropositado e um grande exagero. O facto de os progenitores serem britânicos, e médicos, fez com que a nossa habitual mordomia disponibilizasse os meios possíveis e impossíveis ao serviço de sua majestade. Como se sentirá a mãe do jovem Rui Pedro, desaparecido há nove anos, ao ver tal aparato? O desaparecimento da criança britânica mobilizou mais meios do que aqueles que por vezes sã...

Um "belo serviço"

Nos dias que correm, em que nos servimos da tecnologia para o mais simples gesto, é natural recorrer a casas especializadas quando os aparelhos do dia-a-dia deixam de funcionar, causando-nos grande transtorno. Pior se torna o cenário quando a reparação é cara e demorada. E pior ainda é quando o aparelho acabou por ficar igual ou ainda pior. Pois situações destas acontecem mais vezes do que aquelas que possam imaginar. A revista Proteste deste mês apresenta-nos um cenário dantesco no que ao mundo dos reparadores diz respeito. A Associação de Consumidores à qual a revista pertence, a Deco, pediu, anonimamente, a várias empresas que reparassem um televisor LCD propositadamente avariado. A avaria era muito simples: o fusível da fonte de alimentação havia sido fundido, logo o aparelho não ligava. Tratava-se portanto de uma reparação simples. Para os mais curiosos aconselho a leitura da revista, contudo deixo-vos ficar alguns dados: "Das 27 empresas visitadas, só 3 obtiveram nota global...