Inacreditavelmente, quando supunhamos não poder ser pior, o país continua a arder de ano para ano. Os políticos, esses limitam-se a colocar trancas na porta depois da casa ter sido assaltada. Tomam-se medidas de remedeio e por vezes ridículas.
Mas afinal porquê tantos incêndios? O calor excessivo não os justifica. Nos países do sul da Europa o cenário não se compara ao nosso. Quais as causas então? Provavelmente, somos o país com mais incendiários per capita e isso deve-se como é óbvio ao facto de ser uma actividade bem remunerada, e não me venham com cantigas dizendo que os homens são doentes, a patologia deles é outra: o dinheiro. Quer sejam os madeireiros (que compram a madeira mais barata se esta estiver com a casca estorricada) ou as empresas de aviação (que possuem helicópteros necessários ao combate aos fogos, pagos a peso de ouro) o que é certo é que há interessados no meio desta desgraça.
Como se pode resolver este problema? Antes de mais as penas deveriam ser exemplares para aqueles que fazem dos fogos um negócio; as empresas de aviação que participam no combate aos fogos deveriam ser públicas e não privadas; seria necessário adquirir meios eficazes e modernos para o combate às chamas (a verba dispendida com os submarinos adquiridos pelo Sr. Paulo Portas seria mais do que suficiente para colmatar esta gravíssima falha); o preço da madeira queimada não deveria ser tão dispare em relação à madeira verde (grande parte das vezes só a casca das arvores esta queimada, a madeira em si encontra-se em boas condições); e por último, mas não menos importante, limpar as matas e florestas, factor tão descurado no nosso território (mão-de-obra não falta, há tanto soldado a ganhar balúrdios por passar o dia a jogar cartas e a dormir nos quartéis).
No caso de Portugal os fogos não serão extintos com água, mas sim com uma política adequada e com a coragem necessária para se acabar com o jogo de interesses tão comuns na nossa terra.
Temo que antes que isso aconteça arda toda a mancha verde.
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